Monday, January 23, 2006

DESPOVOAMENTO

Quando alguém morre, a população entra em vigília, pelo respeito aos mortos e pela amizade aos vivos, companheiros de anos de pedestrar nesta vida do lado de cá.
O abandono pelos seus, pelas duas gerações que os sucederam e que também eles se foram embora, uma a reboque da outra.
A perda de um deles, não se confina aos que lhes são chegados por família.
É perda colectiva, é mais um vazio nas suas vidas já tão esvaziadas de objectivos e alegrias.
Anciãos, trôpegos, quase todos, pelos forçados descuidos do trabalho sem tréguas, parecem ainda mais velhos do que são.
Lá se vão arrastando pelas ruas do povoado, num ruído surdo de bengalas gastas, em triste convergência para a pequena igreja onde os leva a obrigação e o respeito.
É lá que começa a despedida ao finado, cumprindo-se o respeitável ritual do desfilar de memórias e de sentimentos, ao longo de toda a noite, em alternância com grandes e eloquentes silêncios, até que o dia chegue.
É lá que prossegue o ciclo imparável do despovoamento.
As flores acumulam-se, compradas com o pouco de quem nada tem.

O meu dia virá.
Espero não ter medo.
Espero que quando venha, possa dizer:
A minha vida foi boa.
Pode a morte vir!

Saturday, January 21, 2006

CAMINHO ANDULANTE

No sombrio banco de pedra,
Esperava ansiosamente,
Que a poeira de uma vida,
Lhe esbafejasse algo.
Talvez tenha medo.
Talvez sorria e diga:
O meu dia foi bom,
Pode a noite descer.

Sunday, January 15, 2006

HINO AO AMOR

SE AMAR FOSSE FACIL
TODOS OS ANIMAIS O SENTIRIAM.
MAS NÃO!
SÓ ESSE SER SUPERIOR
DESIGNADO HOMEM O SENTE.
BELO SENTIMENTO, QUANDO VIVIDO A DOIS.
QUANDO É VIVIDO UNICAMENTE É TRISTE,
DOLOROSO, SEM RAZÃO PARA EXISTIR.
POR VEZES NEM VEMOS
QUE A FELICIDADE NOS BATE Á PORTA.
E NÃO ABRIMOS, POR ESTARMOS PRESOS AO PASSADO.
SERÁ QUE MAIS TARDE NOS ARREPENDEMOS?
OU CONTINUAMOS A ACHAR QUE SÓ FAZEMOS ESCOLHAS ERRADAS!