Wednesday, August 03, 2011

Indefinição

Há momentos em que o desespero é tao grande que deixamos de conseguir fazer seja o que for, a não ser flutuar ao longo dos dias.
Vemos na nossa frente a repetiçao dos nossos erros, como se a vida se encarregasse de nos bater, e voltar a bater, e trazer-nos de volta todos os fantasmas e medos.
Seja pela falta de dinheiro, de amor, de realizaçao pessoal, seja pelo sentimento de injustiça, ou solidão, ou tão-somente porque de repente olhamos para o que fizemos até hoje e descobrimos que nada foi como deveria ser ou, como projectamos.
E, contudo, trabalhamos arduamente, fomos e somos correctos uns para os outros, demos o nosso melhor.

Mas, quando nos projectamos demasiado sobre a vida arriscamo-nos apenas a ver aquilo que queremos ver, e não aquilo que que a vida nos dá.
É por isso que nos encaminhamos e nos cansamos facilmente com aquilo que o quotidiano nos oferece.

Por isso hade haver sempre quem se queixe que a rosa tem espinhos.
Mas, hade haver sempre quem se alegre porque os espinhos têm rosas.

Sunday, July 03, 2011

Sina da Vida

Quando alguém morre, a população entra em vigília, pelo respeito aos mortos e pela amizade aos vivos, companheiros de anos de pedestrar nesta vida do lado de cá.
O abandono pelos seus, pelas duas gerações que os sucederam e que também eles se foram embora, uma a reboque da outra.
A perda de um deles, não se confina aos que lhes são chegados por família.
É perda colectiva, é mais um vazio nas suas vidas já tão esvaziadas de objectivos e alegrias.
Anciãos, trôpegos, quase todos, pelos forçados descuidos do trabalho sem tréguas, parecem ainda mais velhos do que são.
Lá se vão arrastando pelas ruas do povoado, num ruído surdo de bengalas gastas, em triste convergência para a pequena igreja onde os leva a obrigação e o respeito.
É lá que começa a despedida ao finado, cumprindo-se o respeitável ritual do desfilar de memórias e de sentimentos, ao longo de toda a noite, em alternância com grandes e eloquentes silêncios, até que o dia chegue.
É lá que prossegue o ciclo imparável do despovoamento.
As flores acumulam-se, compradas com o pouco de quem nada tem.

O meu dia virá.
Espero não ter medo.
Espero que quando venha, possa dizer:
A minha vida foi boa.
Pode a morte vir!

Wednesday, June 29, 2011

...Saudades....

Sem ti nos meus braços, sinto um vazio na alma.

Dou por mim á procura do teu rosto no meio das multidões - sei que é impossível, mas não consigo conter-me. A minha procura por ti é uma busca interminável destinada ao fracasso.

Tu e eu tínhamos falado sobre o que aconteceria se fossemos separados por força das circunstâncias, mas não consigo manter a promessa que te fiz naquela noite.

Desculpa, meu amor, mas não existira ninguém para te substituir. As palavras que te murmurei eram absurdas, eu devia ter percebido isso então.

Tu – e só tu – tens sido a única coisa que eu desejei, e agora que já não cá estás, não tenho qualquer desejo de encontrar outra.

Até que a morte nos separe, sussurramos na igreja, eu tenho vindo a acreditar que as palavras permanecerão verdadeiras até finalmente chegar o dia em que eu, também, serei levado deste mundo.

Friday, March 18, 2011

Estranha Forma de Vida.....

Madrugada
Ninguem pergunta as horas.
apesar de tudo são seis da manha e o dia que se segue, já era.
temos problemas alcoólicos?
Que não seja por isso, todos temos problemas.
Mas também se podia falar do problema de não existirmos nos
dias,de encontrarmos uma certa transparência entre a nossa
temporalidadede mergulho e a agitação suicidaria.
Vivemos a alucinação da felicidade artificial, "ao menos isso".
Embora cada um de nós tenha sempre o seu problema a exigir
um espaçode destruição dentro de si.
Os nossos lábios e sexos estão sobre-excitados, isso é certo,
mas não é por isso que quando acordamos e, olhamos para
os nossoscopos tenha valido o resultado.
a reacção é essa mesma, a do auto-canibalismo que nos mastiga
a boca. uma digestão de neurónios, embora a metáfora devesse
ser mais exacta,ou menos foleira.
E se estivéssemos num país distante?
Será que a nossa risível perdição faria ai sentido?
poderia haver a solução do rebentamento.
Também isso não seria interessante, no entanto as mãos
alastram, é certo. O motim alastra pela cidade e dentro de nós,
o mesmo.Mas que nos diz isso, agora, se estamos no condomínio
fechado da nossa alienação?
há violência nas ruas?
Em todo o lado há o descontentamento?
Mas nós vivemos no subsolo, temos agua potável,
cerveja e tabaco.
Que mais poderemos ter para resistir á convulsão terrestre?
Que mais senão uma consciência convulsa das coisas?
Pode-se falar muito e de variadas maneiras,
mas não serão tudo isso apenas fábulas?
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Wednesday, March 16, 2011

...SINFONIA......

....Pela noite dentro, absorvendo a maresia,
rumamos a casa,
entre o bailado de dois corpos,
onde nada de exprime por palavras,
com a Sinfonia em C, tão natural,
que se dança até os corpos se tornarem,
construtores de teias, de minúsculas pérolas,
de luzes escassas, argenteos territórios,
de certos prazeres iluminado
planetas simbólicos.....

Thursday, July 02, 2009

.............REFUGIOS...................

Sôfrego acordar que por entre as frinchas do primeiro olhar
Me impinge os raios opacos da realidade
Á janela amontoa-se as vozes dos transeuntes
Numa miríade de imprecações matutinas.
São o timbre clandestino do meu quotidiano.
Saio para as ruas fastidiosas,
Saturadas de odores mirabolantes.
São labirintos de ínvias esquinas de olhares vagos,
Compelidos a existirem.
Amalgamas mortiças de rostos increpados pela vida,
Que buscam avidamente um qualquer subterfúgio
Para não se escravizarem á mais vulgar resignação humana.
Tentam escapar á inefável infelicidade
Do mundo em que vivem
E sabem-no…………
Os sonhos que outrora acalentavam,
Mirraram como dissidentes soís
Afogados num horizonte de relógios parados
E eu fujo
Fujo antes que o meu relógio pare.
Quando as cidades dormem
Despidas de brados e esgares do homem,
Encontro o meu refúgio
É quando me deito no regrado papel
E escrevo…………………..

(Duarte Temtem)

Thursday, April 16, 2009

...PALAVRAS...

Do amontoado de letras...
formam-se palavras,que se unem em frases,
por um caminho onde delira a linguagem...~

Soltam-se, para que ao serem entregues pela brisa,
nelas se sinta um toque de ternura e carinho...

olha a vida com os olhos da alma...
não te esqueças que somos sonhos livres,
voando no universo à procura do amor
que fará morada nas nossas vidas...
sonha o que ousares sonhar...
vai aonde queres ir...
sê o que quiseres ser...
vive!l
uta!